quarta-feira, 5 de novembro de 2008

John Lennon mal interpretado há 42 anos

Por muitos anos - desde o dia 4 de março de 1966 quando o repórter Maureen Cleave, do jornal The London Evening Standard, publicou o artigo “How does a Beatle live?” -, a famosa frase de John Lennon, “Nós já somos mais populares do que Jesus” repercutiu o mundo inteiro. A afirmação do beatle provocou a ira e até mesmo a revolta de vários grupos religiosos que passaram a classificá-lo como blasfemo, inclusive, protestando em shows e eventos por onde o grupo se apresentava.

Quinze anos depois, no dia 8 de dezembro de 1980, Lennon - que morava com a mulher Yoko Ono em um apartamento de frente para o Central Park em Nova Iorque - é morto com cinco tiros por um fã que, horas antes, havia lhe pedido um autógrafo. Surgia entre os religiosos o comentário: “Deus nunca se deixa zombar”, como se a frase dita por Lennon tivesse determinado sua condenação.

Agora, 28 anos após sua morte, a recente descoberta de uma entrevista concedida por Lennon à CBC em Montreal no ano de 1969, pode colocar fim a todas as acusações feitas ao cantor, ao que tudo indica, injustamente.

Na gravação – que em breve deverá ser veiculada na BBC4 de Londres – Lennon é questionado sobre a afirmação que lhe rendeu duras críticas por todo o planeta. Mas, ao contrário do que as inúmeras biografias relatam, ele defendeu-se dizendo que aquilo era apenas uma expressão: “De fato, os Beatles parecem ter maior influência sobre a juventude do que Jesus”, afirma Lennon “Agora, eu não estava dizendo que isto era uma boa idéia, até porque eu sou um dos maiores fãs de Jesus Cristo. Se eu puder mudar o foco dos Beatles para transmitir a mensagem de Cristo, então, é isso que o grupo vai fazer. Talvez as igrejas não se encham por causa dessa mudança. Mas haverá muitos cristãos dançando nas casas de show. O que eles celebram, não acho que seja importante, desde que todos estejam conscientes da mensagem do Evangelho”.

Se as idéias de Lennon, o compositor de “Imagine no religion”, ainda parecem profanas para o Cristianismo moderno, não vem ao caso - afinal, o astro considerava as instituições religiosas hipócritas e sempre lembrava de um padre que o havia expulsado da igreja por ter rido durante uma missa, quando tinha apenas 14 anos - Certo ou errado, fato é que sua polêmica afirmação só quis expressar que a igreja institucionalizada dos anos 60 não dialogava tão bem com a juventude da época, quanto as músicas apresentadas por seu grupo. Resta saber "se a igreja corporativista da atualidade", como diz Bono Vox, já mudou a sua concepção.

Retirado do blog de Oziel Alves

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